C4 Model: O Poder dos Diagramas na Documentação de Software

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Documentar um sistema é mais do que simplesmente registrar como ele funciona. A documentação é um recurso essencial para garantir que todo o time compreenda como o sistema está estruturado, como se comporta e de que forma suas partes se conectam. 

Quando falamos em documentação técnica, um dos maiores desafios enfrentados é torná-la clara, objetiva e fácil de entender. É muito comum que esse material se torne extenso, pouco intuitivo e difícil de manter atualizado, especialmente quando está restrito a descrições textuais. É nesse cenário que o uso de representações visuais, como os diagramas C4 model, se tornam grandes aliados. 

O C4 Model é uma abordagem de modelagem arquitetural, criada por Simon Brown, que utiliza uma série de diagramas em níveis progressivos para facilitar a visualização da arquitetura de software, desde uma visão mais ampla até os detalhes dos componentes. O modelo tem como principal objetivo tornar a comunicação técnica clara e acessível para todos os envolvidos no desenvolvimento, ajudando as equipes a documentar, entender e manter a arquitetura dos sistemas de forma organizada e controlada. 

Para exemplificar a funcionalidade do modelo C4, podemos comparar seu funcionamento ao de um aplicativo de mapas, como o Google Maps. Quando utilizamos esse tipo de ferramenta, temos inicialmente uma visão ampla, com pouco detalhamento e à medida que aproximamos o zoom em uma determinada região, obtemos informações cada vez mais detalhadas e específicas.  

 O termo "C4" vem das iniciais das palavras "Contexto, Contêineres, Componentes e Código", que representam os quatro níveis distintos abordados pela metodologia. Neste artigo, vamos explorar o que são os diagramas C4, entender os quatro níveis que os compõem e como utilizá-los na prática para complementar a documentação de sistemas.  

 

C1: Contexto 

O Diagrama de Contexto é o mais alto nível de abstração no C4 Model. Seu objetivo é apresentar uma visão macro do sistema, destacando as interações e relações básicas entre o sistema em desenvolvimento e os usuários ou sistemas externos. Em outras palavras, esse nível oferece uma visão ampla e de fácil compreensão sobre o ambiente em que o sistema opera, sem entrar em detalhes técnicos.  

Por não exigir conhecimento técnico prévio, o Diagrama de Contexto é ideal para apresentar o sistema de forma clara a públicos não técnicos, novos membros da equipe, stakeholders, gestores ou qualquer pessoa que precise entender rapidamente o que é o sistema, quem o utiliza e com o que ele se conecta. 

O foco aqui não está nos detalhes internos, mas sim no posicionamento do sistema dentro do seu ecossistema. Essa perspectiva inicial é essencial para garantir o alinhamento de toda a equipe quanto às funcionalidades principais e ao escopo geral do projeto, ajudando a evitar ruídos de comunicação e facilitando o entendimento desde o início do desenvolvimento.  

 

O que compõe esse nível? 

  • O sistema em foco: Representado de forma central, é o protagonista do diagrama. 

  • Usuários e atores externos: Pessoas, departamentos ou funções que interagem diretamente com o sistema. 

  • Sistemas externos: Outras aplicações, plataformas, serviços ou bases de dados externas com as quais o sistema se comunica. 

  • Fluxo de comunicação: Linhas que indicam os tipos de interações, como envio de dados, recebimento de informações ou integrações. 

 

C2: Contêineres 

Não devemos confundir este nível do modelo C4 com containers no sentido de Docker ou outras tecnologias de virtualização. No contexto do C4, container representa uma unidade de software executável ou implantável de forma independente, como uma aplicação, serviço backend, API, banco de dados ou qualquer outro software que execute código ou armazene dados. 

O nível C2, oferece uma visão de alto nível, porém mais detalhada em relação ao diagrama de Contexto. Nesse nível, são apresentadas as principais escolhas tecnológicas e como os containers se comunicam entre si. Aqui é possível entender como diferentes partes do sistema, como aplicações, APIs, bancos de dados e serviços, operam em conjunto, compartilhando informações e colaborando para o funcionamento da solução como um todo.  

Entre os exemplos mais comuns de componentes presentes neste nível estão: 

  •  Single Page Application (SPA), que representa a interface do usuário. 

  • Web Server, responsável por gerenciar requisições e respostas HTTP. 

  • Database, encarregado do armazenamento e gestão dos dados. 

  • API, que permite a comunicação entre diferentes partes do sistema. 

 

Esse nível é destinado a pessoas com algum conhecimento técnico prévio, tais como desenvolvedores, arquitetos de software, equipes de infraestrutura e profissionais de QA, que precisam compreender a estrutura técnica do sistema, suas tecnologias e como os componentes se relacionam. 

 

O que compõe esse nível? 

  • Containers do sistema: São as grandes partes que compõem o sistema, onde cada container representa um ambiente ou processo executável. 

  • Tecnologias principais: Exibe as tecnologias mais relevantes utilizadas por cada container, como linguagens de programação, bancos de dados, frameworks ou plataformas. 

  • Interações entre containers: Mostra como os containers se relacionam entre si, detalhando os fluxos de comunicação, trocas de dados e integrações internas. 

 

C3: Componentes 

Se no segundo nível o usuário tinha uma visão do sistema baseada em seus principais contêineres e nas tecnologias envolvidas, ao avançarmos para o terceiro nível, o detalhamento se aprofunda ainda mais. Neste estágio, cada container é expandido, permitindo uma visão mais aprofundada dos elementos internos que o compõem. 

  Aqui, são apresentados os componentes específicos dentro de cada container, revelando suas responsabilidades, como interagem, quais tecnologias são utilizadas e como são requisitados e utilizados no ambiente do sistema. Essa perspectiva mais aprofundada permite uma compreensão detalhada das relações e interações que garantem o funcionamento geral do sistema.  

O diagrama de Componente, auxilia diretamente no desenvolvimento de softwares mais robustos, pois permite que a equipe compreenda, de forma detalhada e prática sobre o funcionamento e as responsabilidades de cada parte do sistema. Isso facilita não apenas a implementação inicial, mas também dá suporte a manutenção, correção de problemas e melhorias, pois proporciona uma base sólida e consistente sobre o comportamento de cada serviço. Por esse motivo, é mais voltado para a equipe técnica. 

 

O que compõe esse nível? 

  • Componentes individuais: Detalha a estrutura interna de um container específico. Mostra como o container é dividido em módulos ou componentes responsáveis por funcionalidades específicas. 

  • Interações entre componentes: Específica como os componentes dentro de um mesmo container se relacionam, compartilham dados e colaboram para cumprir as responsabilidades do container. 

  • Responsabilidades técnicas: Exibe as tarefas técnicas realizadas por cada componente. 

 

C4: Código 

Ao avançarmos para o quarto e último nível desta metodologia, chegamos ao maior grau de detalhamento possível. Neste estágio final, o diagrama apresenta uma visualização completa dos componentes apresentados no nível anterior, indo diretamente à sua implementação técnica, mostrando como cada parte do sistema é construída e estruturada. Aqui, são exibidas funções específicas, classes e interfaces que formam a base lógica do sistema, permitindo identificar os relacionamentos, interações e dependências fundamentais que garantem a estabilidade e o desempenho das aplicações.  

Embora este seja o nível de maior detalhamento dentro da metodologia C4, nem sempre é utilizado em todos os contextos, justamente pelo fato de que o próprio código-fonte já fornece, por si só, uma visão bastante semelhante e detalhada da implementação técnica. Além disso, mudanças constantes no código podem rapidamente desatualizar esse diagrama, tornando sua manutenção trabalhosa e pouco eficiente em ambientes muito dinâmicos. Porém, em ambientes regulamentados, críticos ou envolvendo projetos legados complexos, a utilização do diagrama a nível de Código torna-se especialmente valiosa. Nesses cenários, ele auxilia significativamente na compreensão das complexidades internas, servindo como uma referência visual essencial para equipes técnicas. 

 

O que compõe esse nível? 

  • Elementos de código: Exibe diretamente a implementação dos componentes na forma de funções, classes, métodos e interfaces, permitindo visualizar como o sistema foi estruturado em nível de programação. 

  • Relacionamentos técnicos: Mostra como as diferentes partes do código interagem entre si, destacando suas dependências e hierarquias. 

 

Como usar os diagramas com a documentação dos sistemas? 

  

Usar diagramas na documentação dos sistemas é uma prática que, quando bem aplicada, torna o material muito mais eficiente, intuitivo e fácil de compreender. No contexto do modelo C4, eles não apenas complementam as descrições textuais, como também oferecem uma visão clara de como o sistema se estrutura e funciona em diferentes níveis de profundidade. Diagramas podem — e devem — fazer parte do fluxo de documentação contínua das equipes, integrando-se diretamente às ferramentas colaborativas, como AgileDocs, Confluence, Wiki do Azure DevOps, Repositórios Git ou SharePoint. 

O uso de diagramas é extremamente valioso para melhorar o alinhamento entre equipes, acelerar o onboarding e mapear arquiteturas complexas. Além disso, eles contribuem para a identificação precoce de possíveis pontos críticos ou falhas arquiteturais, permitindo que ajustes sejam feitos antes mesmo da implementação ou durante revisões de código, resultando em maior qualidade técnica e robustez no produto final. 

Por outro lado, em projetos muito simples ou com mudanças constantes, diagramas excessivamente detalhados, como os do nível de código (C4), podem não ser necessários, já que a frequência de atualizações pode torná-los obsoletos rapidamente.  

Quando optado pelo uso de diagramas algumas melhores práticas devem ser adotadas:   

  • Padrão visual consistente: Todos os níveis (C1, C2, C3 e, se aplicável, C4) devem seguir o mesmo padrão de ícones, cores, fontes e disposição dos elementos, garantindo uma leitura fluida e entendimento rápido. 

  • Legendas claras: Sempre utilize legendas para explicar símbolos, setas e cores. Além disso, inclua descrições breves dos componentes, containers e seus papéis no sistema. 

  • Foco na objetividade: Cada diagrama deve apresentar apenas o nível de detalhe adequado à sua finalidade, mantendo o equilíbrio entre clareza e objetividade. 

  • Atualização constante: Garanta que os diagramas estejam sempre alinhados com a realidade do sistema, evitando que fiquem desatualizados e causem erros de comunicação. 

 

Optar pelo uso de diagramas na documentação de sistemas não é apenas uma boa prática, mas uma estratégia essencial para garantir clareza, alinhamento e eficiência no desenvolvimento de software. Com o suporte do modelo C4, é possível transformar informações complexas em representações visuais simples e diretas. Diagramas bem estruturados tornam a documentação mais viva, acessível e funcional, tornando-se uma base sólida para a evolução contínua dos projetos. 

A Testing Company pode ajudar sua equipe a estruturar toda a documentação dos seus sistemas, seja ela técnica ou funcional, utilizando os melhores padrões do mercado e aplicando modelos como o C4 de forma profissional e eficiente. Atuamos na organização, desenvolvimento e manutenção de documentações robustas, seja para projetos novos, legados ou ambientes regulamentados, garantindo que sua empresa tenha total controle e clareza sobre seus processos e arquiteturas. Entre em contato conosco e leve sua documentação para o próximo nível! 

 

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1 Comentário
  1. Maria

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